Oficina Francisco Brennand, à esquerda. Crédito: Celso Pereira Jr. Instituto Ricardo Brennand, à direita. Crédito: Teresa Maia/DP/D.A Press
Em uma visita estendida, se permita circular pela cidade com menos pressa. Uma vez hospedado, se dê a regalia de passar um dia na praia de Boa Viagem. Caminhe, mergulhe, petisque. A faixa de areia de 7 km de extensão é a principal da Zona Sul da cidade. A área mais disputada pelos banhistas fica em frente ao edifício Acaiaca, de número 3232, símbolo da arquitetura modernista dos anos 1950.
Sem dúvida, a visita à Oficina Francisco Brennand é a melhor maneira de conhecer o trabalho do artista plástico pernambucano, nascido em 1927. A geração da vida, permeada pelo sofrimento, é o ponto principal de sua obra. A mistura de misticismo, sexualidade e natureza constroem um universo singular, que pode ser visitado no terreno da antiga fábrica de cerâmicas São João, onde se localiza o ateliê. Primo de Francisco, Ricardo Brennand também oferece ao visitante arte e cultura em seu instituto homônimo. O castelo, como é conhecido, é, na verdade, o Instituto Ricardo Brennand, composto por, de fato, um castelo (abrigo de uma coleção de armas), uma pinacoteca (com obras do período holandês no Recife) e uma galeria (para eventos e exposições temporárias).
Da esquerda para direita: 1. Carpaccio de Bode do restaurante Entre Amigos. Crédito: Blenda Souto Maior/DP/D.A. Press. 2. Salada de France, Restaurante Villa. Crédito: Lucas Oliveira/Esp.DP/D.A. Press. 3. Destaque do cardápio do Restaurante Chiwake. Crédito: Divulgação
Para matar a fome, visite a movimentada Rua da Hora, polo gastronômico no bairro do Espinheiro, Zona Norte da cidade. Na via, bares e restaurantes disputam a atenção dos clientes. Do requintado peruano Chiwake, passando pelo japonês Zen, até o contemporâneo Villa, há opções para todos os bolsos. Aos boêmios, o Entre Amigos, o Botequim da Hora e o Empório Sertanejo (Rua da Hora, 34, Espinheiro; fone: (81) 3426-0600) se destacam. Na Zona Sul, o Polo Pina também reúne bons endereços etílicogastronômicos, como o Boteco Maxime (Avenida Boa Viagem, 21, Pina; fone: (81) 3465-1421), o mexicano Guadalupe, a hamburgueria Pin Up e a churrascaria Boi e Brasa.
No segundo dia, desbrave o centro do Recife. A Rua da Aurora ainda preserva construções seculares, às margens do Rio Capibaribe. Caminhe até a Praça da República, no bairro de Santo Antônio, área central. A praça, situada em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, possui oito estátuas de bronze representando divindades clássicas da mitologia greco-romana e postes de iluminação em ferro, símbolos das filhas de Vênus.
Próximo ao Palácio, o Teatro de Santa Isabel, expoente da arquitetura neoclássica pernambucana, foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional pelo Iphan, em 1949. Obra do arquiteto francês Louis Léger Vauthier, o Santa Isabel levou cerca de dez anos para ser construído. Sua inauguração data de 1860. O Palácio da Justiça e o Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco também se situam no entorno da praça. Perto dali, a Rua Imperador Dom Pedro II é o seu próximo destino.
Teatro de Santa Isabel. Crédito: Hugo Acioly/Secretaria de Turismo de Pernambuco
Além do Gabinete Português de Leitura e do Arquivo Público Estadual, a rua é o endereço do nosso melhor exemplo de arte sacra barroca, a Capela Dourada. Sua denominação se deve ao fato de todo o seu interior ser revestido por lâminas de ouro de 22 quilates. A justificativa para tanta ostentação? O templo foi construído em 1697, durante o apogeu econômico de Pernambuco, vide os senhores de engenho, os representantes da nobreza e as ricas irmandades. O visual é impactante.
Bolo de rolo, doce que virou Patrimônio Imaterial de Pernambuco, em 2007
O clássico bolo de rolo. Crédito: Annaclarice Almeida/DP/D.A. Press
Almoce no restaurante Leite, o mais antigo em funcionamento do Brasil, e siga para as compras nos mercados públicos da cidade. Artesanato local, iguarias gastronômicas, cachaças regionais: os mercados de São José, da Boa Vista e da Madalena são obrigatórios para quem gosta de bater perna. Os corredores da Casa da Cultura, antiga casa de detenção do Recife, completa o roteiro comercial. Para lanchar, prove uma fatia do famoso bolo de rolo, espécie de rocambole de goiabada, coberto de açúcar. O doce que virou Patrimônio Imaterial de Pernambuco, em 2007, pode ser encontrado em diversas lojinhas, mas o clássico é vendido na Casa dos Frios, com sede no bairro das Graças, Zona Norte, e Boa Viagem, Zona Sul.
No fim da tarde ou noite adentro, embarque em um passeio imperdível: a Catamaran Tours faz trajetos diários pelo Rio Capibaribe, às 16h e às 20h. É uma oportunidade de navegar pelo principal trecho do rio que corta as três ilhas do centro: a do Recife, de Santo Antônio e da Boa Vista. O passeio dura, em média, 70 minutos, e custa R$ 35 por pessoa. Desembarque e dê uma de boêmio pela noite do centro: Fiteiro, Burburinho e Downtown Pub são algumas das opções para comer, beber e dançar.
No terceiro dia, seja na Zona Sul, na Zona Norte ou no Centro, não desperdice a oportunidade de percorrer um de nossos roteiros culturais. No bairro de Boa Viagem, três importantes galerias têm endereço: Galeria Amparo 60, Galeria Janete Costa e Galeria Dumaresq. No eixo norte da cidade, o Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças; fone: (81) 3184-3170), o Museu do Homem do Nordeste e a Fundação Gilberto Freyre valem uma visita. E na área central, vá até o Pátio de São Pedro, onde se localiza a Concatedral de São Pedro dos Clérigos, e conheça o Memorial Luiz Gonzaga e o Memorial Chico Science, homenagens a dois ícones da música brasileira. Além disso, a Casa do Carnaval, centro de pesquisa de festividades populares, está situada no Pátio.
Patrimônio Histórico e Cultural da Unesco, Olinda está a 6 km do Recife. Almoce pelas ladeiras, antes de conhecer o circuito de igrejas seculares (a Igreja da Sé, primeira paróquia do Brasil, a Igreja do Carmo, a mais antiga da Ordem Carmelita no país, e a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, parcialmente destruída em um incêndio no período holandês em 1631, mas reedificada em 1644, se destacam), a feira de artesanato do Mercado da Ribeira, construção do século XVI, e os bares que lotam no fim da tarde, início da noite (o Estrela do Mar, o Marola (Travessa Dantas Barreto, 66, Carmo; fone: (81) 3429-7079) ou a Gameleira Regional).
Vista da Caixa D'água, Alto da Sé, em Olinda. Crédito: Hugo Acioly/Secretaria de Turismo de Pernambuco
No quarto dia, pegue a estrada rumo ao litoral sul de Pernambuco. A praia de Porto de Galinhas é um balneário a 60 km do Recife, no município de Ipojuca. Possui cerca de 100 pousadas como alternativas de hospedagem, aproximadamente 70 restaurantes e mais de dez bares e boates. Os passeios de barco e o batismo para mergulho são duas das atrações disponíveis ao turista. No site oficial, você encontra alguns telefones e sites de empresas especializadas na prática.
Na manhã do quinto dia, vale explorar os 18 km de praia de Ipojuca. Muro Alto oferece resorts cinco estrelas ao visitante que pode pagar pelo luxo. Menos agitada que a vizinha Porto de Galinhas, também possui águas claras e mornas para o banhista. Para quem curte pegar onda, siga até a praia de Maracaípe. Repita a hospedagem em Porto de Galinhas, você vai estar mais perto do destino pretendido para o sexto dia de viagem.
Acorde cedo, reforce o protetor solar e siga em direção ao município de Tamandaré. 50 km de estrada pela BR-101 Sul e você chega em um dos destinos mais disputados do verão pernambucano. A praia de Tamandaré é feita de águas claras e mornas, mas ela não entrega tudo o que o município tem a oferecer. A menina dos olhos da região é a praia dos Carneiros, com 5 km de coqueirais que margeiam sua extensão. Quase deserta, abriga na faixa de areia a igrejinha rústica de São Benedito. Para descansar, sem pensar no amanhã.
No sétimo e último dia de viagem, rume para o litoral norte do estado pela BR-101 Norte. A Ilha de Itamaracá, que dista cerca de 50 km do Recife, pode fechar o seu turismo litorâneo com uma paisagem única: a ilhota da Coroa do Avião. Trata-se, na verdade, de um banco de areia de 500x100 metros, ao sul da cidade de Itamaracá, de onde se avista o Forte Orange e o Canal de Santa Cruz. De barco ou jangada, o visitante faz a travessia e aproveita o melhor do pôr-do-sol no meio do oceano.
Vista aérea de Porto de Galinhas. Crédito: Ministério do Turismo
Praia de Carneiros, em Tamandaré. Crédito: Bernardo Dantas/DP/D.A. Press
Vista aérea da Coroa do Avião, na Ilha de Itamaracá. Crédito: Secretaria de Turismo de Pernambuco
Caruaru recebe milhares de visitantes em busca de suas feiras típicas, sendo a maior delas a feira dominical de artesanato
Artesanato de Mestre Luiz Antônio, do Alto do Moura, em Caruaru. Crédito: Hugo Acioly/Secretaria de Turismo de Pernambuco
Cansou de praia? Então, tire o último dia em Pernambuco para conhecer o Agreste do estado. Caruaru, a aproximadamente 135 km da capital, é a terra de Mestre Vitalino (1909-1963), ceramista popular que com o barro moldou costumes e personagens do Nordeste. Com a BR-232 duplicada, o turista teve seu acesso facilitado até o maior centro de artes figurativas das Américas, o Alto do Moura, onde residia Vitalino e onde, hoje, se encontra a Casa-Museu Mestre Vitalino (Rua Mestre Vitalino, 644, Alto do Moura; fone: (81) 3725-0805). Ao longo do ano, a cidade recebe milhares de visitantes em busca de suas feiras típicas, sendo a maior delas a feira dominical de artesanato. Se você quiser voltar ao estado em junho, retorne também a Caruaru. Em disputa com Campina Grande (PB) pelo título de capital do forró, a cidade é o principal polo pernambucano durante as festividades de São João.