Ciel Santos relança disco em formato audiovisual: 'Enraizado e eu mudamos'

De cara nova. Embora superficial, é uma definição do que está por vir na carreira de Ciel Santos, com o lançamento da regravação de ‘Enraizado’ nesta sexta-feira (23). O disco de 2019 agora vem no formato audiovisual, dividido em dois atos, de roupagem remodelada e uma sonoridade que funde elementos da cultura regional com a música pop atual, marca característica do artista pernambucano. O Lado 'B' do álbum sai em novembro.

Com passagem nos teatros, o cantor desfruta do palco do Teatro Luiz Mendonça para performar um novo Ciel, recentemente descoberto, dando um conceito exclusivo às 10 canções do repertório - uma porta aberta graças à gravação ao vivo em vídeo. O projeto ganhou esboço como uma turnê estadual, mas foi paralisado devido à pandemia. Enfim, sai do forno com uma nova proposta e correspondente ao momento da carreira do idealizador. 

 

"Enraizados, em 2017, foi um show em que eu estava me propondo a fazer tudo o que queria, mas não podia: usar batom, vestir saia, nudez. Havia um impulso forte da nudez, então toda a identidade visual do espetáculo teve muito disso. Sou biscoiteiro, adoro receber elogios, mas não era essa a parada”, apontou em entrevista ao Diario de Pernambuco.

 

Segundo ele, a nova era de Enraizados transcende a sonoridade e reflete uma autodescoberta de Ciel. “Essa nova repaginada não é que eu não conseguia dar antes ao meu público, é outro tempo e estou trazendo isso para agora. Esse Ciel, desprendido das camadas sociais de gênero, usando roupas tidas como femininas, então tem todo esse metiê. O que eu tô dizendo agora é: 'Enraizado e eu mudamos'. 

O artista se destacou nos últimos trabalhos por mesclar elementos da cultura popular, pop e batidas eletrônicas. Ele indica que o relançamento de Enraizados também segue por esse caminho. “A gente somou um beatmaker junto com a banda, que permanece. Muitas músicas passaram por essa repaginada, com esses elementos eletrônicos, algumas permaneceram como estavam. Minha sonoridade está acompanhando a identidade visual, então tem uma mudança nesse repertório”, afirmou.

Ciel foi um dos convidados na Parada da Diversidade, realizada no último domingo (18), quando se apresentou no Trio Chá da Alice. Enquanto artista independente LGBTQIA+, é mais um passo na busca de criar identificação com o público. Na visão do cantor, é fundamental a classe artística reciclar a forma de criar conteúdo.

"Sempre digo que minha voz, meu canto, possa enxugar todo o pranto de quem possa se entregar, e traga riso, alegria. A cultura pode e deve dialogar com o novo, a gente precisa construir narrativas mais atualizadas, com pensamento social e protagonismo, sobretudo. Protagonismo de pessoas LGBTQIA , mulheres, PCD, negras, nordestinas. Então espero que meu trabalho também possa abrir portas, para mim e outras pessoas".

 

Lançamento “Ciel ao Vivo” - Lado A

23 de setembro de 2022

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