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PRINCESAS

Oficina discute novas perspectivas para as princesas nos contos de fadas

Publicado em: 23/09/2021 17:45

A oficina apresenta representações de princesas de diversas etnias, formas e personalidades (Foto: Divulgação)
A oficina apresenta representações de princesas de diversas etnias, formas e personalidades (Foto: Divulgação)
Era uma vez os Contos de Fadas, histórias surgidas na Europa medieval, mas adaptadas para o público infantil a partir do século XIX, consolidando-se como um dos mais influentes gêneros narrativos no imaginário popular. Muitas vezes, contudo, as representações típicas desses contos não condizem com a realidade atual ou muito menos abarcam a diversidade sociocultural do planeta, principalmente no que tange às figuras femininas. Por isso, com o intuito de refletir sobre novas percepções de princesas e possibilidades de empoderamento para o gênero, a ativista, professora e doutora em educação Rosangela Hilário criou a oficina Desprincesando o conto de fadas, que integra o projeto Arte da Palavra da Rede Sesc de Literatura.

A oficina será ministrada desta segunda (27) até sexta-feira (01), das 19h às 21h, em formato on-line, somando uma carga horária total de 20 horas. Pernambuco é o sexto estado do Nordeste a receber a oficina, que também já passou por quase toda a região Norte e alguns estados do Centro-Oeste. "Em cada um dos estados eu tive uma resposta diferente, mas sempre positiva”, conta a professora, que está reunindo as pequenas histórias produzidas para a criação de um livro, a ser lançado provavelmente no início de 2022.

Ainda que o termo tenha sido cunhado no século XVII, os Contos de Fadas vêm de uma tradição oral muito mais antiga, na qual retratava fantasiosamente questões próprias da Europa medieval. Devido ao seu contexto, as princesas quase sempre correspondem a mulheres brancas e de uma linhagem nobre ou em ascensão, mas que dependem da presença masculina para completar seus objetivos de vida. “Os Contos de Fadas, tal qual foram concebidos, perfilavam representações que serviam e cabiam a este momento histórico: de figuras femininas, de finais felizes, de vilões e mocinhos que estavam organizados a partir de uma visão eurocêntrica, masculina e branca do mundo. Nesta visão não cabiam escolhas para mulheres que não fossem o ‘príncipe encantado’, a submissão, a discrição e a beleza estética”, afirma Rosangela.

A desconstrução desse imaginário também passa inevitavelmente pelo âmbito estético, no qual inúmeras meninas não se enxergam representadas nas personagens, pela ausência de princesas das mais diversas formas e etnias. A oficina então trabalha em cima de exemplos contemporâneos de escritores que buscam mudar essa abordagem, como Davi Nunes, autor de Bucala: a pequena princesa do Quilombo do Cabula, e Rodrigo França, que escreveu O pequeno príncipe preto. Segundo Rosangela, a literatura africana e a literatura de cordel são duas boas fontes disso, ao ressignificar contos mostrando que “do seio do povo acabam nascendo heroínas incríveis”.

A Disney também entrou no processo de atualizar suas princesas para o contexto atual (Foto: Disney/Divulgação)
A Disney também entrou no processo de atualizar suas princesas para o contexto atual (Foto: Disney/Divulgação)
 
Cultura Pop 
Essa modernização não está restrita à literatura, mas já compreende o mundo da cultura pop em geral nas últimas décadas. A Disney, uma das maiores responsáveis por consolidar e difundir a figura das princesas tradicionais no século XX, tem buscado atualizar seus novos filmes com protagonistas mais independentes e poderosas, como visto em Valente (2012), Frozen (2013), Moana (2016) e Raya e o Último Dragão (2021). “Essa nova concepção o cinema já está tomando para si, quando faz uma revisão de Malévola, por exemplo. Mulheres inteligentes nos contos clássicos são sempre retratadas como bruxas, porque assustam os homens. O cinema, antes da literatura até, está revendo isso”, afirma a educadora.

Questionar o imaginário popular das princesas não significa, porém, banir o conto de fadas como instrumento pedagógico da infância das crianças. “O conto de fadas tem um papel fundamental na educação de crianças, um papel de encantamento. Mas as crianças não se encantam mais por pessoas covardes, que não vão à luta, como eram as princesas tradicionais. Abolir nunca, mas talvez seja preciso uma ressignificação do gênero e novos entendimentos para os finais felizes”, complementa Rosangela. 

A oficina é direcionada para professores, escritores, contadores de histórias, pais e até mesmo crianças, a partir dos 12 anos. As inscrições devem ser realizadas pela plataforma do Sesc, no valor de R$ 20 para trabalhadores do comércio ou dependentes e de R$ 40 para o público geral.

SERVIÇO:
Oficina Desprincesando o conto de fadas
Quando: De segunda (27) a sexta (01), das 19h às 21h
Onde: Remotamente. Os links são disponibilizados após inscrição.
Valor:
R$ 20 (trabalhadores do comércio e dependentes)
R$ 40 (público geral)
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