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Contraste entre transeuntes da Estação Central e parte interna do Museu do Trem (Foto: Jeff Cariolano e Elizabeth de Carvalho/Divulgação) |
Com a proposta de trazer reflexões sobre a relação entre a Estação Central, o Museu do Trem e os transeuntes da área, localizada no bairro de São José, a exposição Tão perto, tão longe: O Museu do Trem do Recife e os transeuntes da Estação Central do Metrô será aberta ao público no Museu do Trem no próximo dia 3 de outubro, mês de aniversário de 49 anos equipamento, localizado no Centro do Recife. Com fotografias de Elizabeth de Carvalho e Jeff Cariolano e curadoria de Flora Assumpção, as visitações poderão ser realizadas até 3 de dezembro, das terças às sextas, das 10h às 16h, e nos sábados e domingos, das 10h às 14h.
A partir da relação entre o museu e seu entorno a exposição traz imagens representativas do contraste entres estes dois mundos, que estão tão perto e ao mesmo tempo tão longe, para mostrar, dentre outras, a seguintes a disparidades: máquina/homem, limpeza/sujeira, informação/desinformação, passado/presente, lentidão/pressa, cheio/vazio, p&b/colorido. A ideia é que o antagonismo e contradição sejam a costura das imagens produzidas ao longo da pesquisa.
Nestas imagens os transeuntes tornam-se protagonistas. Embora sejam aos milhares, não passam de pessoas invisíveis na sociedade. Dessa forma, o objetivo então é aproximá-los do museu e de suas exposições, para afastar a ideia de que museu é um “templo da cultura” e que pessoas sem educação escolar não possuem conhecimentos suficientes para fruir da herança cultural protegida pelos museus.
"A convergência entre o Museu do Trem (Estação Central Capiba) e a Estação Central do Metrô é óbvia, não só pela proximidade da localização, mas também pela relação com o transporte ferroviário. A Estação Central Capiba foi inaugurada em 1888 e desativada em 1983. Em 1985, foi reaberta como acesso à Estação Recife do Metrô e em 2009 foi fechada, para ser reinaugurada em 2014, como Museu do Trem", explica a artista Elizabeth de Carvalho. "A divergência começa quando questionamos: Esses transeuntes sabem da existência deste museu? E se sabem, se interessam em visitá-lo? Há diálogo entre o Museu do Trem, suas exposições e os milhares de tipos populares que estão ao seu lado - transeuntes, trabalhadores, ambulantes e pedintes de esmola?".
Partindo desses questionamentos, a artista propôs o projeto cultural ao FUNCULTURA com o objetivo buscar imagens representativas das divergências entres estes dois mundos, que estão tão perto e ao mesmo tempo tão longe. "Enquanto o Museu do Trem tem um ar de sofisticação e expõe máquinas de origem inglesa, a rua ao seu lado, nos lembra a Índia, com seu aglomerado de pessoas. Desenvolver esse projeto foi, portanto, uma oportunidade para responder a estes questionamentos", continua. "Devido às falhas em nosso sistema educacional, há uma dificuldade do povo em compreender a importância dos museus, o que, não raro, o torna um lugar sem atrativos e elitizado".
O Museu do Trem do Recife é um dos principais centros de preservação da memória ferroviária do país. Inaugurado em 1972, o museu conta com um acervo de mais de 600 peças. Em sua atual versão, reinaugurado em 2014 conta com a exposição de longa duração Chegada e Partida: a memória do trem em Pernambuco. Este equipamento é gerenciado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (FUNDARPE) e Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult/PE).