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Gilberto Freyre Neto, Bruna Pessoa de Queiroz, Regina Silveira e Marc Pottier em frente à "Paisagem" (Foto: Ricardo Pessoa de Queiroz/Cortesia) |
Um labirinto de 10m² de vidros transparentes medindo 2,50m de onde se vê a 1,40m do chão diversas marcas cravejadas por balas de revólver. Propondo uma experiência de desconforto ao visitante em um diálogo com a violência, desafiando-o a enfrentar o impacto de um estilhaço, a inédita Paisagem, da artista Regina Silveira, e que chama a atenção no pavilhão principal da 34ª edição da Bienal de São Paulo é uma das próximas instalações a ganhar residência fixa na Usina de Arte, em Água Preta.
A obra foi financiada pelo projeto instalado onde funcionou a Usina Santa Terezinha (maior produtora de álcool e açúcar do Brasil nos anos 1950), na Mata Sul de Pernambuco, conectando cultura e meio ambiente por meio de um museu de arte contemporânea ao ar livre, dentro de um Parque Artístico Botânico. Nele, estão instaladas mais de 35 obras de nomes como Geórgia Kyriakakis, Saint Clair Cemin, José Spaniol, Juliana Notari, José Rufino, Flávio Cerqueira, Bené Fonteles, Hugo França, Paulo Bruscky, Marcelo Silveira, Liliane Dardot, Marcio Almeida, Frida Baranek, Artur Lescher, Carlos Vergara, Júlio Villani, Iole de Freitas e Vanderley Lopes.
Em meio a um trabalho de reflorestamento com cerca de 5 mil plantas de mais de 300 espécies, em uma área de mais de 30 hectares, o Parque Artístico Botânico é eixo central da iniciativa que irriga outras ações de desenvolvimento para a criação de estruturas para geração de renda e valor para a comunidade de 6 mil moradores no entono do projeto. São exemplos a escola de música fixa, biblioteca e centro de conhecimento público com mais de 5 mil títulos, terminal de computadores e impressora em 3D para projetos da comunidade, além de parceria com as unidades escolares no apoio de novas práticas pedagógicas.
O objetivo é estimular o turismo, e a consequente atividade econômica na região da Mata Sul de Pernambuco por meio do estímulo ao empreendedorismo na localidade, que viu nascer em seu entorno um total de dez restaurantes, pousada, pesque-e-pague, centro de artesanato, guias para passeios ecoturísticos, camping e a cultura de hospedagens domiciliares. Nos próximos meses, o parque receberá as obras Jardim Frágil, do cubano Carlos Garaicoa, Campo da Fome de Matheus Rocha Pitta e Obelisco de Bruno Faria.