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MÚSICA

Pernambucano João Fênix lança álbum de voz e piano: 'Trato de fragilidades que foram agravadas'

Publicado em: 23/07/2021 12:39 | Atualizado em: 23/07/2021 13:49

 (Foto: Leo Aversa/Divulgação)
Foto: Leo Aversa/Divulgação


No mundo das artes, não é incomum encontrar obras que nascem por um percurso orgânico, mas acabam carregando consigo um certo espírito do tempo em que foram produzidas. Gotas de sangue, do cantor pernambucano João Fênix com o pianista carioca Luiz Otávio, começou a tomar forma durante a pandemia, com músicas que sempre vagaram pela cabeça de Fênix e concebido num formato sempre sonhado pelo artista: voz e piano. Lançado pela Biscoito Fino, o projeto agrega faixas como Lígia, composição de Tom Jobim, Desalento, de Chico Buarque, O portão, de Roberto e Erasmo Carlos, além da faixa de Ângela Rorô que dá título ao álbum, lançado nesta sexta-feira (23) nas plataformas de streaming.

Mas por que, então, o álbum carrega um certo clima do nosso tempo vivido? As faixas, em conjunto, acabam sempre dialogando com uma certa vulnerabilidade do homem contemporâneo, refletindo ainda sobre a solidão que atravessa nos tempos da pandemia. "O álbum trata de fragilidades que foram agravadas. É engraçado que ele fala da solidão masculina diante de uma certa grandiosidade feminina. Eu não fiz isso de propósito, mas quando fui prestar atenção, percebi que, na verdade, estava enaltecendo a força feminina", diz João Fênix, conhecido pela androgenidade nos palcos - estilo que atravessa toda uma geração de cantores da MPB, cada um à sua forma.

A breve explicação do artista pode ser traduzida em Todo homem, de Zeca Veloso, que ganha uma notável profundidade na simplicidade da interpretação do novo álbum. "Todo homem precisa de uma mãe", repete o intérprete. Ou também em Tristeza e solidão, clássico de Baden Powell e Vinicius de Moraes, e Ternura antiga, de Dolores Duran e J. Ribamar. Quixeramobim, de Ivor Lancelotti e Roque Ferreira, abre no disco brasilidades por termos como "quindins" e "cambucás".

Pianista carioca Luiz Otávio e João Fênix. (Foto: Leo Aversa/Divulgação)
Pianista carioca Luiz Otávio e João Fênix. (Foto: Leo Aversa/Divulgação)


"Em Gotas de sangue, vejo questões mais do meu interior reverberar pelo todo, de forma quase homeopática. Na verdade, esse mundo da tristeza, da melancolia, que é algo tão natural, pode ser bastante arriscado para outros artistas. Eu não sou um cara triste, mas queria mostrar isso para as pessoas de forma delicada, com beleza e até essa 'homeopatia' de vozes", continua Fênix, em entrevista por telefone ao Viver. Ele vive entre o Rio de Janeiro, onde controla sua carreira, e Nova York, onde vive com o marido.

Esse é o primeiro álbum do artista desde o lançamento do aclamado Minha boca não tem nome (também da Biscoito Fino), que abordava temas como vida, sexualidade, política e espiritualidade e o trouxe para um show dentro da programação do 25º Janeiro de Grandes Espetáculos, no Teatro de Santa Isabel, no Recife.

"Esse foi um projeto que sempre esteve nos meus planos. Com a pandemia, eu estava fazendo um outro projeto de duetos em audiovisual, mas tivemos de adiá-lo pela quantidade de pessoas que teriam que estar no estúdio", explica, sobre Gotas de sangue. "Assim, coloquei para fora um projeto que estava na minha cabeça e pude trabalhar com uma equipe reduzida. O pianista Luiz Otávio estava tão pronto, ele é tão talentoso, que as faixas eram finalizadas em primeiro take. Eu tive que começar a errar a letra para que ele me desse a chance de amadurecer a interpretação."

A relação de João Fênix com a arte começou quando ainda estudava em um colégio de freiras, onde escrevia peças de teatro e organizava festivais de dança. Mais tarde, começou a cantar na noite e foi convidado a estudar no Conservatório Pernambucano de Música, quando também passou a  frequentar aulas de canto na UFPE.No palco, ele apresenta uma persona performática. É assim desde o começo da carreira, quando trabalhou com grandes diretores de artes cênicas, como Wolf Maya, Gerald Thomas e Gringo Cardia. No exterior, ele já se apresentou em Nova Iorque, Dinamarca e Portugal, e seus dois primeiros discos foram licenciados pela gravadora alemã Traumton Records.

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