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Obras exploram a violência do processo de colonização (Foto: Divulgação) |
Ascensão, mostra individual da artista visual Lia Leticia, foi inaugurada nesta quarta-feira, (21), na galeria 1 do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, propondo um debate sobre as construções sociais e elementos que constituem a formação violenta do território brasileiro. Ao todo, três obras compõem a amostra: Ascensão, uma série de 05 fotografias; Esta terra tem dono, uma escultura de cerâmica e alumínio; e a videoperformance Queda. Com curadoria foi de Atiana Nuala, a exposição pode ser visitada até 21 de outubro, das terças aos domingos, das 9h às 17h.
Elas fazem parte de uma pesquisa e atuação artística que pensa sobre as questões de raça, classe e colonialidade, onde a artista propõe fricções entre construções sociais e questões raciais. Elencando, por um lado, visualidades que agem dentro de um protocolo social demarcador de classe e, por outro lado, o confronto através de uma ruptura simbólica material. Ascensão age como uma fábula que expõe rotas possíveis de um futuro que tem sido rompido.
"Ascensão, Queda e Essa terra tem dono desmancham o lugar posto para as mãos, é um lembrete para uma atuação que fura o tempo de chronos, o tempo cronológico do imperialismo", diz Atiana Nuala, que assina o texto da exposição. "A dobra temporal acontece na saída da corporificação que lhe é dita como determinante, ela eleva a mão para feitura de um saber que quebra com a lógica do mérito, da evolução e do serviço, aqui materializado no próprio corpo de barro que envolve o alumínio e nas ceras vermelhas que emergem entre os poros do cristal e da porcelana.Tudo que essa mão agora toca se transmuta em ouro, sua ação implica na alteração dos valores criados por uma noção de propriedade, seja ela pública ou privada. Ativada por seu toque nos sugere uma descentralização que começa reestruturando símbolos do poder."
Natural de Viamão, no Rio Grande do Sul, Lia Letícia se mudou para Olinda há mais de 25 anos e começou a explorar pintura em diversos suportes, incluindo o audiovisual, investigando as relações entre ele e a performance. Além de escrever e dirigir seus próprios filmes, trabalha como diretora de arte.
Seus trabalhos transitam entre festivais de cinema e exposições de arte, multiplica esta experiência através de ações como o Cinecão ou como artista educadora em projetos de experimentação audiovisual, como a Escola Engenho. Também colabora como diretora e montadora em trabalhos de artistas visuais, coordenou coletivamente projetos da Galeria Maumau e faz parte do CARNI- Coletivo de Arte Negra e Indígena. Atualmente finaliza uma videoarte, co-roteiriza e co-dirige a segunda temporada da série Brasil Visual e prepara exposição solo no Rio de Janeiro/RJ.
SERVIÇO
Exposição Ascensão, de Lia Letícia
Onde: Galeria 1 |Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa (Varadouro, Olinda)
Abertura: 21 de julho, às 19h
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 17h, entre 21 de julho a 21 de outubro